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terça-feira, 22 de maio de 2012

OS SETE SABERES NECESSRÁRIO À EDUCAÇÃO DO FUTURO (Edgar Morin)


Por Cássio José
             
Edgar Morin tece uma abordagem acerca da “Educação do Futuro” apresentando-nos algumas dificuldades que são rotuladas de buracos negros ou brechas, como diagnóstico ou pressupostos, para entendermos como se deve lidar com esse leque de dificuldades que, muitas vezes, são ignorados, subestimados ou mesmo fragmentados no processo de ensino-aprenzagem da juventude atual. Estes, uma vez que se tornarão cidadãos, devem ter consciência do que está acontecendo para que os buracos negros sejam amenizados.
A lista de buracos sequencia-se da seguinte maneira, de acordo com o artigo mencionado: O Conhecimento, O não ensino de um conhecimento pertinente, A Identidade Humana, A Compreensão Humana, A Incerteza, A Condição Planetária e o que é intitulado de Antropo-ético. Eis aí, então, as deficiências em que se devem ser trabalhadas para que se tenha um melhoramento na Educação do Futuro. 

Questiona-se então: que procedimentos podemos tomar para que esses buracos sejam tampados? O que fazer para ficar na brecha? Podemos ter esperança na minimização? Pode-se apostar numa “ofensiva tapa-buracos”? Esses e outros questionamentos serão levados em conta como pano de fundo para o desdobramento do artigo de Edgar Morin.
O primeiro procedimento será a tomada de consciência das deficiências que estamos enfrentando, para sabermos que atitudes devem ser tomadas com o propósito de vislumbrar o alcance de uma educação mais humana e digna para todos nos tempos vindouros. Para isso, faremos uma caminhada por cada um dos saberes ou buracos para sabermos como proceder.
Para início de compreensão da problemática enfrentada e levantada por Morin vamos ao primeiro buraco: O Conhecimento.
Há a afirmação de que o conhecimento é consequência do ensino! No entanto, não se tem o hábito de se ensinar o conhecimento por se ter como barreira o erro e a ilusão. Essas duas nomenclaturas são discutidas no texto pelo fato de que no conhecimento, se tem uma tradução, seguida de reconstrução da realidade e, nunca, um reflexo ou espelho da realidade. Podemos então interpretar o pensamento do escritor do artigo, de que, se tem aproveitado do conhecimento para ensinar o irreal, um alargamento do que, de fato, acontece na realidade. Por tanto, segundo o autor, percebe-se que o conhecimento vai de encontro à realidade, quando, por exemplo, há uma prática de iludibriar os fatos históricos da sociedade ou doutrinas dos filósofos, sejam existenciais e outros.

Não ensinamos as condições de um conhecimento pertinente! Esse seria o segundo buraco negro. Nessa reflexão podemos ter como entendimento básico a universalização ou uma ampla visão em que se possa situar todo o conjunto das disciplinas de toda ordem. Não se pode ter um conhecimento isolado e sim globalizado com toda e qualquer disciplina e sem deixar levar em conta esse conhecimento amplo no contexto. E para isso deve ter a consciência de que “o ensino por disciplina, fragmentado e dividido, impede a capacidade que o espírito tem de contextualizar”, onde “as partes ao todo e o todo às partes” devem caminhar juntas onde “não se pode trabalhar uma distanciado da outra e a outra deve andar lado a lado com a primeira”.
Um terceiro problema seria a Identidade Humana. Esta é ignorada pelos programas de ensino e aprendizagem. Por sermos indivíduos de uma sociedade e fazendo parte de uma espécie, temos que estar inseridos nos procedimentos de educação. Somos gente! Além sermos humanos, somos tríplice: corpo, imagem e espírito à semelhança do nosso Criador que é Pai, Filho e Espírito Santo. Estamos tentando levantar a abordagem de que há o relacionamento entre indivíduo, sociedade e espécie. E isto deve ser levado em conta na formação desse indivíduo, que por sua vez, está integrada a esses três fatores.
Portanto, é preciso ensinar a unidade dos três destinos, porque somos indivíduos, mas como indivíduos somos cada um, um fragmento da sociedade e da espécie homo sapiens  a qual pertencemos, e o importante é que somos uma parte da sociedade, uma parte da espécie, seres desenvolvidos sem os quais a sociedade não existe, a sociedade só vive dessas interações.
            A compreensão humana seria a quarta problemática! O autor afirma:
 Nunca se ensina sobre compreender uns aos outros, como compreender nossos vizinhos, nossos parentes, nossos pais. 
Nessa perspectiva verifica-se os verdadeiros inimigos da compreensão, em que, não existe a intenção de ensinar a compreender o próximo, rejeitando-o sob o pano de fundo do egoísmo, individualismo, egocentrismo, por exemplo. A incompreensão é apresentada como uma mazela, em que o relacionamento para com o outro fica comprometido. No entanto, para se compreender o outro, deve se conhecer primeiro, se aceitar, se amar para se compreender.
O quinto aspecto seria a incerteza. Ela nos leva a ter a certeza de uma incerteza que se faz necessário ser questionada. Todas as antigas civilizações foram tomadas pelo esquecimento e desaparecimento. Temos então a necessidade de se ensinar o que se chama de ecologia da ação. Por não se ter futuro e nem certeza deste, o que nos resta é aguardar o inesperado e ver que o imprevisto está sempre por vir.


A sexta mazela seria a condição planetária. Não é tocado no ensino a consciência do ser humano de que ele é responsável pela casa aonde mora, o planeta terra. A degradação planetária é cada vez mais alarmante e eminente. O ser humano, por sua vez, está alheio a aglomeração de conseqüências negativas que ele mesmo ajudou a causar.  “É preciso mostrar que a humanidade vive agora uma comunidade de destino comum”.
  O último aspecto é o que vou chamar, afirma Edgar Morin, de antropo-ético, porque os problemas da moral e da ética diferem entre culturas e na natureza humana. Ainda sobre esse embate, Morin afirma:
Existe um aspecto individual, social e genérico, diria de espécie, uma espécie de trindade em que as terminações são ligadas: a antropo-ética, a ética que corresponde ao ser humano desenvolver e ao mesmo tempo, uma autonomia pessoal - as nossas responsabilidades pessoais - e desenvolver uma participação social - as responsabilidades sociais - e a nossa participação no gênero humano, pois compartilhamos um destino comum.

            Nesse contexto, percebemos que a democracia está regredindo-se a uma verdadeira desdemocratização, em que a ética está seguindo rumos assustadores. No entanto, nos alenta o desenvolvimento da ética do ser humano com as associações não-governamentais, como os Médicos Sem Fronteiras, o Green Pace, a Aliança pelo Mundo Solidário e tantas outras que trabalham acima de denominações religiosas, políticas ou de Estados nacionais assistindo aos países ou às nações que estão sendo ameaçadas ou em graves conflitos.   

            Diante de toda essa negritude que nos foi apresentada como “buracos a serem tampados”, vemos o quanto é desafiador e delicado fazer uma reviravolta de mudança. É urgente a tomada de consciência de que temos que manter os nossos olhos fixos numa nova manhã que se levanta pelo horizonte, onde os raios solares não podem ficar retraídos às nuvens que se apresentam carregadas por temporais chuvosos. Se faz necessário uma ofensiva de tapa-buracos a nível de atitude global.       

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